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Petição Pública - Estratégia Nacional para a Sensibilização nos Cuidados em Perda Gestacional e Morte Neonatal

Segunda-feira, 10.10.22
 
A OMS estima que anualmente no mundo ocorrem 2,6 milhões de perdas gestacionais após as 22 semanas de gestação e 17% a 22% das gravidezes terminam em aborto espontâneo.
Em Portugal a dor da Perda Gestacional e Morte Neonatal é uma dor silenciosa, vivida em isolamento, fruto do tabu que envolve o tema.
Com o objectivo de inverter este tabu e dar condições clínicas e psicoemocionais para que estes casais possam viver o Luto da sua perda falando abertamente e permitindo-lhes ter um acompanhamento nesta fase tão dolorosa e traumatizante, a Associação Projecto Artémis lança hoje uma petição pública, acreditanto que será um passo para que possamos juntos fazer diferente e dignificar todos os bebés que nascem sem vida.
Junta a tua voz à nossa, #darvozaperdagestacional e assina a petição!
Tu podes fazer parte da mudança!
IMPORTANTE: as assinaturas só são válidas se colocarem o vosso nº CC/BI, após isso deverão validar através do link que recebem no vosso email.

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 14:45

"Sobre as andorinhas e o Amor" - Ana Catarina Brandão

Sábado, 08.10.22

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Olá.

Hoje vou falar-vos sobre as andorinhas, o amor, a Catarina e o Fernando.
No início de maio de 2021 descobriram que estavam grávidos. O Fernando ficou muito feliz. A Catarina ficou feliz, mas...receosa de tudo o que estava por vir. Uma gravidez, um parto, um bebé, uma vida a três, incertezas, desconhecimento do que aí vinha, os questionamentos, as dúvidas...rapidamente procurou ajuda junto da médica assistente para garantir que estava tudo bem e que estava a fazer tudo certinho.
Ainda ninguém sabia que estavam grávidos quando, no dia 23 de maio de 2021 surge a ameaça de perda do seu bebé. Surgiu um novo medo, um medo diferente daquele que tinha sentido quando soube que estava grávida. Nas urgências, quando o médico lhe disse que estava tudo bem, quando ela ouviu o coração da Andorinha, surgiu um alívio tão grande que trouxe paz. Surgiu um sentimento de proteção e de querer muito que estivesse tudo bem com o bebé. E que tudo ficasse bem.
Na manhã seguinte, algo estranho se passava. Havia um aperto no peito. Mas a Catarina seguiu viagem até ao norte para passar uns dias de férias. A viagem não foi agradável. Algumas dores "menstruais" e alguns pensamentos partilhados com a sua Andorinha.
Quando chegou ao norte ainda achou que nada estava a acontecer, que nada daquilo poderia estar a acontecer. Mas fisicamente, a dor era mais intensa e teve de procurar ajuda junto das urgências. Foi em Santa Maria da Feira que a médica de serviço lhe deu a notícia que havia perdido o seu bebé. 
A Catarina chorou muito muito muito, deitada na cadeira ginecológica das urgências do Hospital. 
Os seus pensamentos e sentimentos eram um turbilhão. A médica só tentava acalmar, passando mensagens de coragem e motivacionais. Tentando passar a ideia que não havia culpa e que não havia nada que ela pudesse ter feito para poder ser diferente.
E a verdade é que, mesmo após chegar a casa, dormir longas horas e acordar, não se sentia culpada.
O Fernando viajou 3h de carro só para a abraçar e quando ela sentiu o seu abraço, sentiu-se em casa. 
Chorou muito nos dias seguintes, mas não se sentia culpada. Sentia tristeza. Tentou apenas entender o que tinha acontecido, convenceu-se de que fora a natureza a tratar/resolver uma situação (= bebé / ser vivo) que não estaria bem e que a vida seguiria. Novas oportunidades haveriam de surgir.
E surgiu. Passados 8 meses, há um atraso, há um teste e estavam grávidos novamente.
Em janeiro de 2022, logo no início do ano, veio o presente em forma de andorinha.
E desta vez, as reações foram diferentes novamente. 
A Catarina ficou feliz e o Fernando ficou feliz, mas...receoso de que pudessem perder novamente, de que a Catarina sofresse fisicamente.
E desde o teste positivo até ao dia em que tudo aconteceu pela segunda vez, cada ida à casa de banho era um suspiro de alívio: está tudo bem!
No dia 24 de janeiro teve de ir às urgências pois algo não estava bem. 
E no caminho para o hospital, as lágrimas eram fortes e consistentes. Algo não estava bem e a Catarina sabia disso. Sentia isso.
Após um pouco mais de 12h, regressa a casa, e deixa 'voar' a segunda andorinha. Perdeu o segundo bebé.
A primeira perda foi rápida, menos dolorosa fisicamente e até emocionalmente. As perdas gestacionais são mais 'normais' do que aquilo que se pensa e se fala, então, o processo de aceitação / entendimento da situação foi mais simples. A médica foi incrível. E apesar de estar sozinha na sala de urgência, a Catarina sentiu amor, compreensão e atenção. Quase como se de um abraço se tratasse.
A segunda perda foi lenta, dolorosa fisicamente e emocionalmente. Muitas questões, muitos sentimentos, muitas perguntas sem resposta. Na segunda perda, e mesmo reportando dificuldade auditiva, a Catarina sentiu-se incompreendida, sozinha, desprovida de atenção e amor, desprovida de empatia.
Saiu do  hospital e os dias que se seguiram foram de apatia, de solidão, de tristeza, de choro.
Sozinha em casa, a raiva foi ganhando voz, as perguntas sem respostas continuaram a surgir na cabeça da Catarina e mágoa no coração.
Entre a primeira gravidez e a segunda, "não houve" muito para resolver. A vida seguiu.
Mas após a segunda perda, foi como se só tivessem ficado as coisas más: a raiva, a mágoa, a tristeza, entre outros.
Hoje, passados 7 meses, a mágoa começa a dar lugar à esperança. A raiva começa a dar lugar à nostalgia e à saudade. É certo que ainda existe tristeza e vazio, mas há esperança...e amor.
Amor para dar ao bebé que haverá de vir.
Fica a saudade das andorinhas que voaram!
 
"O Amor, como as andorinhas, dá felicidade às casas!"
 
--
Obrigada
Ana Catarina Brandão

 

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 11:46

Poema "Frutos da vida"

Quinta-feira, 23.06.22

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São ramos curvados 
endurecidos
pelo vento
queimados
de chuva
lambidos.

Vestem-se de cores
da terra
Cobrem-se de musgo.
Ó Humidade…

Sombras de ti
no solo
E de mim
solta
num abraço
de saudade.

Caem folhas
Estão moles, ocas,
Vazias.

Mas vejo-me no apodrecer.
Aquela veia palpitante
No aconchego doce
Eterno gentil

Regaço de mares
e rias
Onde o barco da fortuna
Sem rumo
Ancorado sonha
Em meditação
Acordado.

E há leves pálpebras
No seu tronco
imaculado.


Mais terra transformada
Poeira vencida
pelo tempo.

E nasces tu,
No sereno gato caçador
Sentindo cheiros únicos
De incenso e vapor

Perfumando as rugas
Incertas
Nuvens de amor.

Há raízes e laços
Ensanguentados de seiva
Entrelaçados
Num cordão sensorial
De seres e da presença
Tua

Sombra criada pelo sol
Conduzida na luz
Onde o meu anjo
As flores
Produz.

 

Mãe do Miguel - Joana Leal

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 10:34

Encontro no Masculino - Perda Gestacional

Terça-feira, 11.01.22
No dia 05 de fevereiro, pelas 11h iremos promover um Encontro Online no Masculino, pois a perda também é vivida por eles.
Se és pai e perdeste um filh@ durante a gravidez ou morte neo-natal, tenha sido recentemente ou há muito tempo, estejas ainda a fazer o teu processo de luto ou já o tenhas feito, mas queres partilhar este momento com outros homens que também eles sabem o que é amar com um céu de distância e em silêncio, junta-te a nós neste encontro.
Queremos proporcionar-te esperança, porque é isso que nos move (Projecto Artémis), queremos proporcionar-te a quebra do silêncio que tanto te é necessário e a ti tantas vezes é ignorado. Queremos proporcionar-te um espaço de partilha sem filtros.
Este será um Encontro de amor e união. Onde o espaço será usado por ti como tu desejares.
Todos os teus medos, dúvidas e partilhas podem e devem ser colocados sem receios, sem tabus, sem juízo de valor.
👉 Organizador: Associação Projecto Artémis
💻 Local: online via zoom
✍️ Inscrições:
Sócios A-PA - Gratuito
Não sócios - 10€
Inscrições pelo email apoiopsicologico.artemis@gmail.com
Indicar nome, nº sócio A-PA, email e contacto tlm
 

pais artemis.png

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 15:19

Um Natal com um colo vazio!

Quarta-feira, 22.12.21

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A época de Natal é uma época especial, mas de emoções e sentimentos muitas vezes ambíguos.  Envolve lembranças, encontros, reflexões... o que acaba por levar as pessoas a ficarem emocionalmente inquietas. 
Alguns tiveram experiências boas na infância, já outros tiveram momentos desagradáveis. Quando a lembrança é negativa, a pessoa pode querer evitar estas comemorações natalícias.
Muitos sentem uma quase que imposição para ficarem felizes nesta data, vão ás compras, estão junto da família, mas nem todos terão a possibilidade de “ter tudo” nesta época.
É habitual fazer uma avaliação sobre aquilo que se conquistou e o que não conseguiu. Emoções como tristeza, ansiedade, stress, frustração e medo podem surgir por diversas razões:

  • Sentir solidão, “não tem com quem passar o Natal"
  • Comemorar com pessoas com quem se está com problemas ou em conflito
  • Falta de dinheiro
  • Sentir que é insignificante, rejeitado, não merecedor de carinho e presentes
  • Saudades daqueles que não estão mais presentes na sua vida (seja por falecimento ou por desentendimento)
  • Entre muitas outras razões.

Contudo é sobre o último ponto que me irei focar e numa situação muito concreta.
Há casais que durante o ano iniciam o sonho da maternidade, que engravidam e vivem ansiosamente a chegada daquele filho. Mas nem sempre a gravidez corre da melhor forma e perdem aquele bebé. Já pensaram como vivem estes casais o Natal, quando supostamente aquele Natal seria o primeiro com o seu filho? Como vivem estes pais os Natais seguintes, sabendo que a cada ano que passa haveriam novas experiências, novas vivências como pais? E sabemos que um Natal com uma criança é sempre um Natal diferente. Já fizeram este exercício mental? Experimentem, e verão que começam a entender e a ser mais empáticos com estes pais.
É importante ser mais tolerante, lidar com aquilo que não deu certo e se superar, aceitar e aprender com o caminho que temos percorrido. Todos têm limitações e qualidades, é preciso focar naquilo que “tem de bom”, e aquilo que pode ser melhorado. É importante se valorizar e ver as próprias conquistas e superações..
Ter esperança que no ano seguinte será melhor traz motivação, traz a oportunidade de consertar os erros e reorganizar a vida de outra forma, mas lembre-se de não se cobrar demais, seja realista, um passo de cada vez.
Não existem pessoas e famílias perfeitas. Nem todos estão alegres nesta época do ano, a felicidade não é obrigatória
E há mesas que têm um lugar vazio… há mesas de Natal que têm um lugar de alguém que ninguém viu, mas que alguém amou… e ainda ama…. Há mesas de Natal que são feitas com colos vazios!

Sandra Cunha

Psicóloga A-PA

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 10:37

A perda gestacional na perspetiva de um pai - Goucha TVI

Segunda-feira, 29.11.21
A Perda Gestacional é vivida em casal, muitas vezes esquecemo-nos que o pai também sofre, o Gonçalo e a Vânia são uma casal que perderam o seu Santiago cedo demais, e que nos têm permitido fazer esta caminhada em busca de paz e serenidade para lidar com a perda do seu filho Santiago. Bem haja pelas vossas palavras, por darem cara e voz a tantos outros bebés e pais.
Gratidão à TVI em específico a toda a equipa do programa Goucha pela forma como sempre recebem estes pais, e por estarem sempre connosco a quebras tabus.
 
 
 
 
 

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 17:37

"As flores que adornam o meu jardim" - Nádia Batista

Terça-feira, 02.11.21
A Nádia é a mãe do Enzo, da Lua e da Mel. A Nádia e o marido perderam a Lua e a Mel cedo demais, e ela quis partilhar connosco e convosco o texto que escreveu para as suas meninas.
Gratidão imensa pela partilha querida Nádia.
 

mensagem Nadia.jpg

 

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 11:28

Carta da Maria F. para a A-PA

Sábado, 23.10.21

mensagem Inês.jpg

"O meu nome é Maria F.

Perdi um bebé há um ano. O nome do meu filho é Artur Gabriel.

Estou a ser acompanhada na A-PA desde Maio e desde o dia do acolhimento até ao presente momento, tem sido o meu porto seguro. Agradeço profundamente à A-PA e em especial à psicóloga Dra. Sandra Cunha, por toda a dedicação para comigo. Sem vocês, o processo de luto que por si só já é lento e difícil, este caminho estaria a ser bem mais pesado e solitário. Aqui, encontrei uma nova família e abraços sempre prontos para me receber. Obrigada!
 
Acredito que muitas mães e pais, sofrem em silêncio, acreditando que esta dor não deve ser valorizada ou falada pois não é bem "vista" e é muito mal compreendida pela sociedade em geral. Mas é exatamente por isso que devemos falar sobre o assunto, não permitir que seja tabu, é importante dar voz ao AMOR que transborda dos nossos corações pelos nossos filhos, falar sobre o assunto, trará esclarecimento, trará compreensão, trará melhores apoios para nós pais e bebés, trará um futuro melhor para a causa.
 
Sou associada da A-PA exatamente porque acredito que juntos somos mais fortes, porque sei que sozinha o caminho é muito mais denso e difícil, porque acredito que esta instituição tem futuro e que vai continuar a ajudar muitas famílias e a dar voz pelos pais de bebés com histórias diferentes para contar..
 
Maria F.
Sócia da A-PA"

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 16:54

Sensibilização para a Perda por Sofia Mendonça

Terça-feira, 19.10.21
Sofia Mendonça é o meu nome,
E três filhos a vida me deu,
Partiram cedo demais
E a nossa vida a dois uma reviravolta deu.
 
Com 8, 6 e 4 semanas,
Aconteceram as nossas perdas,
Desde 2018 a acreditar,
Que o momento há-de chegar.

Sou membro recente da Artémis,
Terapia de grupo e individual,
Todos precisamos de ajuda,
E aconselhamento eventual.
 
Não estamos sozinhos,
E o mundo tem de saber,
Deixar que a perda gestacional seja tabu,
Sei que muitos vão agradecer.
 
A sociedade precisa de falar,
E saber como reagir,
Médicos e enfermeiras sensibilizar,
Para que muitos de nós possamos ajuda pedir.
 
Só quem passa por isto sabe o que é,
E às vezes é difícil descrever,
Mas falar da dor pode ajudar,
E desta forma continuamos a acreditar.
A Artémis é uma aposta segura,
Com os benefícios e toda a ajuda que dá,
A conquista pelos nosso sonhos perdura,
Principalmente por saber que não estamos só.

FotoArtemis1.jpg

Sofia Mendonça
Sócia A-PA

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 09:10

Testemunho Daniela Muller - Perda Gestacional

Quarta-feira, 12.05.21

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"Em maio do ano passado, descobrimos que estávamos grávidos. Meu marido e eu, e posteriormente os familiares mais próximos no Brasil, celebramos a boa nova. Aquela foi a nossa primeira gravidez, que aconteceu naturalmente após tomarmos a decisão de sermos pais. E fomos, mas não da maneira que imaginamos inicialmente. Da quinta para a sexta semana, nossos bebês deixaram de se desenvolver no plano físico e eu vivi a experiência do abortamento natural. Como acontece com a maioria das mulheres que tem a gestação naturalmente interrompida, foi um grande choque, agravado pelo péssimo atendimento que recebi no pronto socorro de uma maternidade.

Fui atendida por mulheres em um ambiente hospitalar preparado, pelo menos em princípio, para atender mulheres. E foi justamente por parte das profissionais de saúde que recebi um tratamento frio, desprovido de qualquer empatia.
A começar pela senhora da recepção, que mesmo vendo meu estado de nervosismo e dor não deixou de lado sua preguiça e mau humor do começo da manhã. Não sei se o fato de eu ser brasileira, mesmo tendo toda a documentação regularizada e o direito de ser atendida na rede pública de saúde portuguesa, fez diferença. Prefiro acreditar que não.
Apenas quando não consegui mais conter o choro de desespero, a senhora portou-se com um pouco mais de humanidade. Após aguardar por cerca de 30 minutos, entrei na sala para ser examinada por um médico, este sim um senhor muito gentil.
Ele conversou comigo, tentou me acalmar, me examinou e pediu um exame rápido de urina. Após uns poucos minutos, a enfermeira que trouxe o resultado do exame que confirmava a notícia que eu não querida receber disse em tom de deboche: “ihhh, aqui já não há bebés, esta senhora não está mais grávida”.
Eu, sozinha no consultório (por conta das regras da pandemia, meu marido não pode entrar), apenas engoli o choro e me vesti. O médico disse que o exame era inconclusivo e que eu deveria fazer um exame de sangue e voltar dali quinze dias.
Saí da maternidade arrasada. Fui para casa e, cuidada pelo meu marido e por toda a minha família – mesmo à distância, comecei o meu processo de luto e autocura. As primeiras horas foram as mais difíceis. Mergulhei na sombra da dor, da culpa, da vergonha, da impotência e do desamparo.
Com o passar dos dias, comecei a adentrar um novo território íntimo e a acessar a luz desta experiência, da Maternidade vivida desta forma tão especial, porém não reconhecida socialmente. Neste período, pude desenvolver um novo olhar sobre o aborto espontâneo, sob o ponto de vista da Vida, que é eterna e multidimensional, e não da morte.
Deste processo de autocura pessoal e sistêmica, nasceu uma escrita que virou livro, publicado em setembro de 2020 de forma independente em Portugal. Percebi que era preciso falar deste assunto, que ainda é tabu, o que penaliza ainda mais a Mulher, que sofre solitária e em silêncio.
A intenção da minha partilha é que, juntas, possamos curar esta ferida do tecido feminino, que é negligenciada há muitas gerações e afeta todas as famílias e toda a sociedade de alguma forma.
Precisamos reconhecer e dar um lugar de respeito a estas Mães de Anjos, às crianças não nascidas para este mundo, para o luto, para a dor e, principalmente, para o Amor que existe além de todas as nossas limitações mentais.
É urgente que os profissionais de saúde estejam preparados para lidar com esta situação tão comum, que acontece todos os dias no mundo inteiro. Toda vida conta, todo filho é precioso para seus pais, toda dor é legítima e merece acolhimento.
Não podemos evitar que a perda gestacional aconteça, pelo menos em grande parte dos casos, pois ela faz parte da experiência humana e a Vida não está sob seu domínio. No entanto, podemos amenizar o sofrimento das Mães, Pais Familiares que vivem esta situação com tratamento digno e empatia nos hospitais.
Louvo a existência de iniciativas como o Projecto Artémis, tão necessário à conscientização da perda gestacional. Bem-hajam!

Daniela Ferreira Vieira Müller, Mãe dos Anjos Maria Clara e João Augusto, a quem dedica o livro “Mãe de Anjo: um novo olhar sobre o aborto espontâneo e a Maternidade”."

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 12:06






Espaço de partilha com objectivo de diminuir a falta de informação técnica e emocional a mulheres que vivenciam o luto da perda de um bebé ao longo da gravidez, bem como quebrar o Pacto de Silêncio resultante de todo esse processo de luto na Perda Gestacional.


Direcção A-PA

projectoartemis Sandra Cunha, Psicóloga desde 2005 da Associação Projecto Artémis, tem vindo a desenvolver o seu trabalho desde essa data na área da Perda Gestacional. Desde Junho de 2011 está como Presidente da Associação Projecto Artémis, procurando quebrar o silêncio, alienado o seu conhecimento técnico com o da realidade da perda de um filho. Perdeu um bebé em 2007, após 2 anos de trabalho como psicóloga da Artémis, o que lhe permitiu reunir à técnica o conhecimento árdua de ter vivido na pele a perda de um filho.

Contacto:
Telefone:937413626
E-mail: associacaoprojectoartemis@gmail.com
Site: www.facebook.com/associacaoartemis