Consultório de Perda Gestacional
Espaço de partilha com objectivo de diminuir a falta de informação técnica e emocional a mulheres que vivenciam o luto da perda de um bebé ao longo da gravidez, bem como quebrar o Pacto de Silêncio resultante de todo esse processo de luto na Perda G
Cordão Umbilical e Perda Gestacional
Muito boa tarde.
O meu nome é Joana Manta, tenho 26 anos e estava com 29 semanas e 6 dias de gestação.
A gravidez foi planeada e muito, muito desejada por mim e pelo meu marido. Era seguida pela minha obstetra, fazendo todos os exames, análises e ecografias, que me eram solicitados e a gravidez seguiu sem qualquer incidente de maior. O meu bebé mexia-se muito e, como tal, no dia 15/10/2009, achei estranho o facto de não o sentir mexer durante todo o dia e achamos melhor dirigir-nos ao hospital para vermos se estava tudo bem. Foi confirmado por dois obstetras (um deles a minha médica assistente) que o bebé já não tinha batimentos cardíacos. Não perceberam o porquê, pois até então estava tudo bem com o bebé. O mundo desabou. Foi feita a indução do parto. O bebé vinha com circular ao pescoço. Asfixiou.
Há agora uma situação que preciso que me confirme: o meu bebé sofreu?
Amamos muito o nosso filhote e vamos sempre amar, e preciso de saber a resposta VERDADEIRA a esta questão para conseguir seguir em frente.
Por favor responda-me.
Muito obrigada,
Joana Manta
Cara Joana,
Toda a perda de um filho acarreta um peso e dor enorme que tende a permanecer no tempo e ir-se desanuviando muito lentamente. Seria incorrecto afirmar "um dia vai esquecer",
porque isso é impossível. O seu filho é e será eterno. Relativamente à questão que
coloca, nada nem ninguém lhe poderá dar essa certeza, mas agarre-se à ideia que é um filho que foi gerado com muito amor, que foi amado durante o tempo que esteve dentro de si e que será eternamente recordado e amado de forma incondicional.
Procure ajuda se verificar que toda a sintomatologia persiste, se o sofrimento não se
tornar mais ténue. Não se deixe ir com as dúvidas, com a procura constante de respostas a
perguntas às quais, muitas vezes, são difíceis de responder. Crie a sua própra resposta e
agarre-se à vida lutando com todas as forças que tem e pense que o seu filho terá muito
orgulho em ver que consegue recordar-se dele com uma saudade saudável.
Um beijinho grande
Drª. Sandra Cunha - Psicóloga