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"Pergunto-me todos os dias porquê eu??!" - testemunho

Sexta-feira, 16.09.16
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"Olá sou a Débora e tenho 29 anos.
Sou casada temos um filho com 9 anos.
 
 Em 2012 decidimos que estava na altura de dar um maninho ou maninha ao nosso filho. Pois bem, demorou um pouco mas em 2013 estava gravida, feliz e realizada. Tudo corria maravilhosamente bem (tirando os enjoos),as 12 semanas na primeira ecografia viu se logo que séria mais um Rapaz, para alegria do Pai que só quer menino, vinha ai o nosso Robim. As 18 semanas tive uma perda de sangue e fui a correr pro hospital. O médico que me atendeu apenas me fez um toque e disse se que teria uma infecção no colo do útero e receitou me um antibiotico. No outro dia assim que tomei o antibiotico já não conseguia fazer nada só tinha sono e sono.. e o sangue nao parava. Como era seguida numa clínica privada liguei a minha medica e ela quis me observar.. pois bem tinha um descolamento grave da placenta.
La fui eu pra caminha so me podia levantar pra ir ao WC nada mais. O sangue comecou a parar e estava quase boa. Tive 3 dias sem sangrar mas ao quarto dia antes de me deitar.. parecia uma torneia, tal era a quantidade de sangue. Fui a correr pro hospital. Na eco viram que o bebé estava bem, mas tinha perdido todo o liquido amniótico. Estava com 19 semanas e 5 dias. Não havia hipótese nenhuma dele sobreviver.  Foi a pior decisão da minha vida, assinar a morte de um filho. Porque foi isso que senti! Senti que o estava a matar. 
Foi horrivel, as dores, o parto natural sem epidural sem nada. 
Acho que o pior é quando voltamos a casa e temos que encarar toda agente... encarar a nossa casa, as coisinha que ja tínhamos para ele, a falta de algo na nossa barriga, a subida do leite... Doi tanto.. 
Luto... não fiz, não consegui... não consigo. É dificil aceitar algo inaceitável.
Passado um ano decidimos que iriamos fazer inseminação. Porque não houve explicação pro que aconteceu. As análises ao bebé e a placenta não revelaram nada. Mas consequência ou não deste parto fiquei com líquido na trompa esquerda e tive que a tirar.
De 2014 ate aos dias de hoje ja fiz 2 inseminações das quais 3 transferência.  Entre e penultima e a ultima voltei a engravidar naturalmente e foi um misto de felicidade e medo. Felicidade essa que apenas durou uns dias. Novamente perda de sangue e o medo voltou. Gravidez etopica e por consequência perda da trompa direita.
Levantar novamente a cabeça e acreditar. Nova inseminação, desta vez eram 2 embriões. E mais um negativo.
Pergunto me todos os dias porquê eu??! 
 
Resumindo: 29 anos, 2 perdas gestacionais, perda de 2 trompas e 2 inseminações negativas. 
 
Um beijinho enorme a todas que passaram por isto.
 
Eu não quero ter mais um filho, quero gerar mais um filho 😙
 
Obrigada 
Débora Navalho Silveira"
 

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 14:48






Espaço de partilha com objectivo de diminuir a falta de informação técnica e emocional a mulheres que vivenciam o luto da perda de um bebé ao longo da gravidez, bem como quebrar o Pacto de Silêncio resultante de todo esse processo de luto na Perda Gestacional.


Direcção A-PA

projectoartemis Sandra Cunha, Psicóloga desde 2005 da Associação Projecto Artémis, tem vindo a desenvolver o seu trabalho desde essa data na área da Perda Gestacional. Desde Junho de 2011 está como Presidente da Associação Projecto Artémis, procurando quebrar o silêncio, alienado o seu conhecimento técnico com o da realidade da perda de um filho. Perdeu um bebé em 2007, após 2 anos de trabalho como psicóloga da Artémis, o que lhe permitiu reunir à técnica o conhecimento árdua de ter vivido na pele a perda de um filho.

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