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mudar mentalidades: coisa não... FILHO!!!

Quinta-feira, 06.07.17

Antes demais acho que me devo apresentar, sou a Sandra e sou presidente da Associação Projecto Artémis.

Bem, vou corrigir o início do meu texto. Porque mais do que me apresentar a mim, acho melhor e bem mais importante apresentar a associação que represento (com IMENSO ORGULHO, note-se).

A Associação Projecto Artémis é uma instituição sem fins lucrativos que existe desde Dezembro de 2005. É uma associação que presta apoio a casais e seus familiares, que passaram por uma perda gestacional. Já conheciam? Alguma vez ouviram falar? Talvez sim, talvez não. Se ouviram que importância lhe deram?

Mas talvez seja melhor focarmo-nos na causa que a Associação Projecto Artémis tem na sua base de trabalho. PERDA GESTACIONAL!!!! Mais do que conhecerem ou falarem da nossa associação eu gostava que se fala-se de perda gestacional.

Ah!!!! Esqueci-me… falar de morte é sempre complicado. Então de falarmos da morte de alguém que não se viu….. nem é bom pensar. Melhor ainda nem é bom lembrar… Sim… a frase é mesmo esta. Esta é a frase que estes pais que perdem os seus filhos durante a gestação tanto ouvem: esquece isso. Esquece-se isso????? A ver se nos entendemos… isso não…. Filho!

Ah!!! Estou-me a esquecer de novo… é que para o comum dos mortais, ou pelo menos a maioria deles não era um filho, vamos lá ver os nomes que atribuem: embrião, feto, coisa, isso, feijãozinho, eu sei lá mais o quê. Só não lhe chamam aquilo que efectivamente lhe deveriam chamar: FILHO!

Irrita-me profundamente que seja assim tão difícil entenderem de uma vez por todas que a gestação é muito mais que 9 meses, que se está a engordar com uma “coisa” dentro do nosso ventre que saí ao fim dos tais 9 meses. Uma gestação não começa quando se faz um teste de gravidez. Sabiam que há mulheres e homens que iniciam a vinculação com a “tal coisa” muito antes da “coisa” existir? Então se calhar é melhor começar-se a entender que uma gestação vai muito para além dos tais 9 meses e do acto de parir.

Para além de ser necessário entenderem o que é efectivamente uma gestação emocionalmente é importante entender-se outra coisa: o que é ser mãe e pai. E aqui podemos analisar separadamente, mas ambos são pai e mãe desde o primeiro minuto que aquela “coisa” está dentro do ventre da mulher. Mas é difícil entenderem,  até porque quando um casal está grávido (sim porque estão os dois) ouve-se muito: vão ser pais? NÃO!!!!!!! Não vão ser pais, JÁ SÃO!!!!!

Entendem a diferença? Entendem o poder das palavras? Entendem que aquela “coisa” (e nem imaginam o quanto me irrita ver no meu próprio texto esta palavra) não é uma coisa. É UM FILHO!!!!!!

Mas se calhar, e pegando no início do meu texto, talvez seja mais fácil de uma vez por todas para entenderem que estamos a falar de perder um filho, visitarem o fórum da associação Projecto Artémis ou a nossa página no FB e lerem o que estes pais vos querem dizer, lerem o sofrimento que vocês… sim porque são vocês (não são todos, mas são muitos os que têm dificuldade em entender) os obrigam a viver em silêncio e quase que ter vergonha de sofrerem pela perda daquele filho.

Está na hora de mudar mentalidades! Está na hora de fazer melhor! E o fazer melhor neste caso começa simplesmente por respeitar todos os bebés que partem cedo demais.

 

Um abraço muito apertado a todos os pais e mães que vivem diariamente com a saudade e a memória de um filho que carregaram no ventre e vive apenas no seu coração

 

Sandra Cunha

 

Caso queiram:

Forúm: www.perdagestacional.forumeiros.com

Facebook: www.facebook.com/associacaoartemis

 

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publicado por Associação Projecto Artémis® às 14:38






Espaço de partilha com objectivo de diminuir a falta de informação técnica e emocional a mulheres que vivenciam o luto da perda de um bebé ao longo da gravidez, bem como quebrar o Pacto de Silêncio resultante de todo esse processo de luto na Perda Gestacional.


Direcção A-PA

projectoartemis Sandra Cunha, Psicóloga desde 2005 da Associação Projecto Artémis, tem vindo a desenvolver o seu trabalho desde essa data na área da Perda Gestacional. Desde Junho de 2011 está como Presidente da Associação Projecto Artémis, procurando quebrar o silêncio, alienado o seu conhecimento técnico com o da realidade da perda de um filho. Perdeu um bebé em 2007, após 2 anos de trabalho como psicóloga da Artémis, o que lhe permitiu reunir à técnica o conhecimento árdua de ter vivido na pele a perda de um filho.

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