Consultório de Perda Gestacional
Espaço de partilha com objectivo de diminuir a falta de informação técnica e emocional a mulheres que vivenciam o luto da perda de um bebé ao longo da gravidez, bem como quebrar o Pacto de Silêncio resultante de todo esse processo de luto na Perda G
E tu respeitas?
Quinta-feira, 28.04.22
A Sensibilização para a Perda Gestacional é um trabalho de todos, falar de Perda Gestacional não tem que ser tabu.
O processo de luto pode ser facilitado por cada um de nós. Respeitar os pais e o bebé que existiu é um dos primeiros passos.
E Tu respeitas?
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1 comentário
De Joana Leal a 20.06.2022 às 01:10
Sempre que existirmos, os nossos filhos existirão em nós.
Ontem, numa festa, encontrei uma colega de trabalho que já não via há muito tempo. A meio da conversa de convívio social, ela pergunta-me: "Então, a tua criança?". Fiquei um pouco embasbacada e disse: "Eu não tenho nenhuma criança. Eu perdi o meu Miguel." Ela, convenientemente desculpou-se e eu arrematei: "Não faz mal, não sabias (e foi sincero). Mas ele está sempre presente. Está sempre comigo".
Eu menciono-o em quase todas as situações. Há uma altura em que me dói. Quando estou a fazer o meu trabalho e me perguntam se tenho filhos... aí não falo no Miguel. Não quero misturar as coisas, não quero o foco para mim. Quero manter a distância e os limites e não digo que tenho um filho, que tive um filho que morreu. Mas custa-me às vezes não o fazer, Mas também não é por não o fazer que deixo de ser mãe.
Não há um dia que ele não esteja comigo, no meu coração, nas emoções, nos passos que dou. Não me sinto sozinha.
Ontem, numa festa, encontrei uma colega de trabalho que já não via há muito tempo. A meio da conversa de convívio social, ela pergunta-me: "Então, a tua criança?". Fiquei um pouco embasbacada e disse: "Eu não tenho nenhuma criança. Eu perdi o meu Miguel." Ela, convenientemente desculpou-se e eu arrematei: "Não faz mal, não sabias (e foi sincero). Mas ele está sempre presente. Está sempre comigo".
Eu menciono-o em quase todas as situações. Há uma altura em que me dói. Quando estou a fazer o meu trabalho e me perguntam se tenho filhos... aí não falo no Miguel. Não quero misturar as coisas, não quero o foco para mim. Quero manter a distância e os limites e não digo que tenho um filho, que tive um filho que morreu. Mas custa-me às vezes não o fazer, Mas também não é por não o fazer que deixo de ser mãe.
Não há um dia que ele não esteja comigo, no meu coração, nas emoções, nos passos que dou. Não me sinto sozinha.