Olá.
Hoje vou falar-vos sobre as andorinhas, o amor, a Catarina e o Fernando.
No início de maio de 2021 descobriram que estavam grávidos. O Fernando ficou muito feliz. A Catarina ficou feliz, mas...receosa de tudo o que estava por vir. Uma gravidez, um parto, um bebé, uma vida a três, incertezas, desconhecimento do que aí vinha, os questionamentos, as dúvidas...rapidamente procurou ajuda junto da médica assistente para garantir que estava tudo bem e que estava a fazer tudo certinho.
Ainda ninguém sabia que estavam grávidos quando, no dia 23 de maio de 2021 surge a ameaça de perda do seu bebé. Surgiu um novo medo, um medo diferente daquele que tinha sentido quando soube que estava grávida. Nas urgências, quando o médico lhe disse que estava tudo bem, quando ela ouviu o coração da Andorinha, surgiu um alívio tão grande que trouxe paz. Surgiu um sentimento de proteção e de querer muito que estivesse tudo bem com o bebé. E que tudo ficasse bem.
Na manhã seguinte, algo estranho se passava. Havia um aperto no peito. Mas a Catarina seguiu viagem até ao norte para passar uns dias de férias. A viagem não foi agradável. Algumas dores "menstruais" e alguns pensamentos partilhados com a sua Andorinha.
Quando chegou ao norte ainda achou que nada estava a acontecer, que nada daquilo poderia estar a acontecer. Mas fisicamente, a dor era mais intensa e teve de procurar ajuda junto das urgências. Foi em Santa Maria da Feira que a médica de serviço lhe deu a notícia que havia perdido o seu bebé.
A Catarina chorou muito muito muito, deitada na cadeira ginecológica das urgências do Hospital.
Os seus pensamentos e sentimentos eram um turbilhão. A médica só tentava acalmar, passando mensagens de coragem e motivacionais. Tentando passar a ideia que não havia culpa e que não havia nada que ela pudesse ter feito para poder ser diferente.
E a verdade é que, mesmo após chegar a casa, dormir longas horas e acordar, não se sentia culpada.
O Fernando viajou 3h de carro só para a abraçar e quando ela sentiu o seu abraço, sentiu-se em casa.
Chorou muito nos dias seguintes, mas não se sentia culpada. Sentia tristeza. Tentou apenas entender o que tinha acontecido, convenceu-se de que fora a natureza a tratar/resolver uma situação (= bebé / ser vivo) que não estaria bem e que a vida seguiria. Novas oportunidades haveriam de surgir.
E surgiu. Passados 8 meses, há um atraso, há um teste e estavam grávidos novamente.
Em janeiro de 2022, logo no início do ano, veio o presente em forma de andorinha.
E desta vez, as reações foram diferentes novamente.
A Catarina ficou feliz e o Fernando ficou feliz, mas...receoso de que pudessem perder novamente, de que a Catarina sofresse fisicamente.
E desde o teste positivo até ao dia em que tudo aconteceu pela segunda vez, cada ida à casa de banho era um suspiro de alívio: está tudo bem!
No dia 24 de janeiro teve de ir às urgências pois algo não estava bem.
E no caminho para o hospital, as lágrimas eram fortes e consistentes. Algo não estava bem e a Catarina sabia disso. Sentia isso.
Após um pouco mais de 12h, regressa a casa, e deixa 'voar' a segunda andorinha. Perdeu o segundo bebé.
A primeira perda foi rápida, menos dolorosa fisicamente e até emocionalmente. As perdas gestacionais são mais 'normais' do que aquilo que se pensa e se fala, então, o processo de aceitação / entendimento da situação foi mais simples. A médica foi incrível. E apesar de estar sozinha na sala de urgência, a Catarina sentiu amor, compreensão e atenção. Quase como se de um abraço se tratasse.
A segunda perda foi lenta, dolorosa fisicamente e emocionalmente. Muitas questões, muitos sentimentos, muitas perguntas sem resposta. Na segunda perda, e mesmo reportando dificuldade auditiva, a Catarina sentiu-se incompreendida, sozinha, desprovida de atenção e amor, desprovida de empatia.
Saiu do hospital e os dias que se seguiram foram de apatia, de solidão, de tristeza, de choro.
Sozinha em casa, a raiva foi ganhando voz, as perguntas sem respostas continuaram a surgir na cabeça da Catarina e mágoa no coração.
Entre a primeira gravidez e a segunda, "não houve" muito para resolver. A vida seguiu.
Mas após a segunda perda, foi como se só tivessem ficado as coisas más: a raiva, a mágoa, a tristeza, entre outros.
Hoje, passados 7 meses, a mágoa começa a dar lugar à esperança. A raiva começa a dar lugar à nostalgia e à saudade. É certo que ainda existe tristeza e vazio, mas há esperança...e amor.
Amor para dar ao bebé que haverá de vir.
Fica a saudade das andorinhas que voaram!
"O Amor, como as andorinhas, dá felicidade às casas!"
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Obrigada
Ana Catarina Brandão
A época de Natal é uma época especial, mas de emoções e sentimentos muitas vezes ambíguos. Envolve lembranças, encontros, reflexões... o que acaba por levar as pessoas a ficarem emocionalmente inquietas.
Alguns tiveram experiências boas na infância, já outros tiveram momentos desagradáveis. Quando a lembrança é negativa, a pessoa pode querer evitar estas comemorações natalícias.
Muitos sentem uma quase que imposição para ficarem felizes nesta data, vão ás compras, estão junto da família, mas nem todos terão a possibilidade de “ter tudo” nesta época.
É habitual fazer uma avaliação sobre aquilo que se conquistou e o que não conseguiu. Emoções como tristeza, ansiedade, stress, frustração e medo podem surgir por diversas razões:
- Sentir solidão, “não tem com quem passar o Natal"
- Comemorar com pessoas com quem se está com problemas ou em conflito
- Falta de dinheiro
- Sentir que é insignificante, rejeitado, não merecedor de carinho e presentes
- Saudades daqueles que não estão mais presentes na sua vida (seja por falecimento ou por desentendimento)
- Entre muitas outras razões.
Contudo é sobre o último ponto que me irei focar e numa situação muito concreta.
Há casais que durante o ano iniciam o sonho da maternidade, que engravidam e vivem ansiosamente a chegada daquele filho. Mas nem sempre a gravidez corre da melhor forma e perdem aquele bebé. Já pensaram como vivem estes casais o Natal, quando supostamente aquele Natal seria o primeiro com o seu filho? Como vivem estes pais os Natais seguintes, sabendo que a cada ano que passa haveriam novas experiências, novas vivências como pais? E sabemos que um Natal com uma criança é sempre um Natal diferente. Já fizeram este exercício mental? Experimentem, e verão que começam a entender e a ser mais empáticos com estes pais.
É importante ser mais tolerante, lidar com aquilo que não deu certo e se superar, aceitar e aprender com o caminho que temos percorrido. Todos têm limitações e qualidades, é preciso focar naquilo que “tem de bom”, e aquilo que pode ser melhorado. É importante se valorizar e ver as próprias conquistas e superações..
Ter esperança que no ano seguinte será melhor traz motivação, traz a oportunidade de consertar os erros e reorganizar a vida de outra forma, mas lembre-se de não se cobrar demais, seja realista, um passo de cada vez.
Não existem pessoas e famílias perfeitas. Nem todos estão alegres nesta época do ano, a felicidade não é obrigatória
E há mesas que têm um lugar vazio… há mesas de Natal que têm um lugar de alguém que ninguém viu, mas que alguém amou… e ainda ama…. Há mesas de Natal que são feitas com colos vazios!
Sandra Cunha
Psicóloga A-PA
Bom dia,
Descobri o vosso email através do fórum da pinkblue e resolvi colocar-vos a pergunta. Talvez me possam ajudar :)
Tive dois abortos em menos de um ano, ambos às 8 semanas. Desta vez mandaram o feto para análise, mas disseram-me logo para não ter grandes esperanças, porque normalmente não dá em nada.
Sei que os exames relacionados com abortos recorrentes só se fazem após o terceiro aborto, o que acho ridículo termos de passar três vezes pelo mesmo para saber se há algum problema ou não. Acho que só por não saberem o que têm, as mulheres que passam por uma terceira gravidez depois de dois abortos já vão com medos que podem provocar outro aborto! O stress influencia muito o nosso corpo, não?!
A dúvida que tenho é que existem dois especialistas em Leiria - um de infertilidade e outro de abortos - e não sei qual escolher. A minha médica não é má, mas podia ser melhor e qualquer um dos dois obstetras especialistas são bons, mas não sei qual dos dois se adaptará mais à situação. Eu consigo engravidar, por isso será que o especialista em abortos não será melhor?!
Peço desculpa por vos incomodar com isto, sei que devem receber imensos emails de dúvidas e eu tenho tantas agora, mas queria começar pelo início, que é escolher o médico certo.
Obrigada pela vossa atenção e espero que me possam ajudar.
Liliana Santos