Consultório de Perda Gestacional
Espaço de partilha com objectivo de diminuir a falta de informação técnica e emocional a mulheres que vivenciam o luto da perda de um bebé ao longo da gravidez, bem como quebrar o Pacto de Silêncio resultante de todo esse processo de luto na Perda G
Petição Pública - Estratégia Nacional para a Sensibilização nos Cuidados em Perda Gestacional e Morte Neonatal
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Dar Voz à Perda Gestacional ( #darvozaperdagestacional)
A Perda Gestacional e a Morte Neonatal é uma realidade que pouco se fala deixando casais num silêncio que corrói e que continua a ser incompreendido.
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"Sobre as andorinhas e o Amor" - Ana Catarina Brandão
Olá.
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Poema "Frutos da vida"
São ramos curvados
endurecidos
pelo vento
queimados
de chuva
lambidos.
Vestem-se de cores
da terra
Cobrem-se de musgo.
Ó Humidade…
Sombras de ti
no solo
E de mim
solta
num abraço
de saudade.
Caem folhas
Estão moles, ocas,
Vazias.
Mas vejo-me no apodrecer.
Aquela veia palpitante
No aconchego doce
Eterno gentil
Regaço de mares
e rias
Onde o barco da fortuna
Sem rumo
Ancorado sonha
Em meditação
Acordado.
E há leves pálpebras
No seu tronco
imaculado.
Mais terra transformada
Poeira vencida
pelo tempo.
E nasces tu,
No sereno gato caçador
Sentindo cheiros únicos
De incenso e vapor
Perfumando as rugas
Incertas
Nuvens de amor.
Há raízes e laços
Ensanguentados de seiva
Entrelaçados
Num cordão sensorial
De seres e da presença
Tua
Sombra criada pelo sol
Conduzida na luz
Onde o meu anjo
As flores
Produz.
Mãe do Miguel - Joana Leal
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Encontro no Masculino - Perda Gestacional
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A perda gestacional na perspetiva de um pai - Goucha TVI
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"As flores que adornam o meu jardim" - Nádia Batista
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Carta da Maria F. para a A-PA
"O meu nome é Maria F.
Perdi um bebé há um ano. O nome do meu filho é Artur Gabriel.
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Sensibilização para a Perda por Sofia Mendonça
Sofia Mendonça é o meu nome,
E três filhos a vida me deu,
Partiram cedo demais
E a nossa vida a dois uma reviravolta deu.
Com 8, 6 e 4 semanas,
Aconteceram as nossas perdas,
Desde 2018 a acreditar,
Que o momento há-de chegar.
Sou membro recente da Artémis,
Terapia de grupo e individual,
Todos precisamos de ajuda,
E aconselhamento eventual.
Não estamos sozinhos,
E o mundo tem de saber,
Deixar que a perda gestacional seja tabu,
Sei que muitos vão agradecer.
A sociedade precisa de falar,
E saber como reagir,
Médicos e enfermeiras sensibilizar,
Para que muitos de nós possamos ajuda pedir.
Só quem passa por isto sabe o que é,
E às vezes é difícil descrever,
Mas falar da dor pode ajudar,
E desta forma continuamos a acreditar.
A Artémis é uma aposta segura,
Com os benefícios e toda a ajuda que dá,
A conquista pelos nosso sonhos perdura,
Principalmente por saber que não estamos só.
Sofia Mendonça
Sócia A-PA
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Testemunho Daniela Muller - Perda Gestacional
"Em maio do ano passado, descobrimos que estávamos grávidos. Meu marido e eu, e posteriormente os familiares mais próximos no Brasil, celebramos a boa nova. Aquela foi a nossa primeira gravidez, que aconteceu naturalmente após tomarmos a decisão de sermos pais. E fomos, mas não da maneira que imaginamos inicialmente. Da quinta para a sexta semana, nossos bebês deixaram de se desenvolver no plano físico e eu vivi a experiência do abortamento natural. Como acontece com a maioria das mulheres que tem a gestação naturalmente interrompida, foi um grande choque, agravado pelo péssimo atendimento que recebi no pronto socorro de uma maternidade.
Fui atendida por mulheres em um ambiente hospitalar preparado, pelo menos em princípio, para atender mulheres. E foi justamente por parte das profissionais de saúde que recebi um tratamento frio, desprovido de qualquer empatia.A começar pela senhora da recepção, que mesmo vendo meu estado de nervosismo e dor não deixou de lado sua preguiça e mau humor do começo da manhã. Não sei se o fato de eu ser brasileira, mesmo tendo toda a documentação regularizada e o direito de ser atendida na rede pública de saúde portuguesa, fez diferença. Prefiro acreditar que não.
Apenas quando não consegui mais conter o choro de desespero, a senhora portou-se com um pouco mais de humanidade. Após aguardar por cerca de 30 minutos, entrei na sala para ser examinada por um médico, este sim um senhor muito gentil.
Ele conversou comigo, tentou me acalmar, me examinou e pediu um exame rápido de urina. Após uns poucos minutos, a enfermeira que trouxe o resultado do exame que confirmava a notícia que eu não querida receber disse em tom de deboche: “ihhh, aqui já não há bebés, esta senhora não está mais grávida”.
Eu, sozinha no consultório (por conta das regras da pandemia, meu marido não pode entrar), apenas engoli o choro e me vesti. O médico disse que o exame era inconclusivo e que eu deveria fazer um exame de sangue e voltar dali quinze dias.
Saí da maternidade arrasada. Fui para casa e, cuidada pelo meu marido e por toda a minha família – mesmo à distância, comecei o meu processo de luto e autocura. As primeiras horas foram as mais difíceis. Mergulhei na sombra da dor, da culpa, da vergonha, da impotência e do desamparo.
Com o passar dos dias, comecei a adentrar um novo território íntimo e a acessar a luz desta experiência, da Maternidade vivida desta forma tão especial, porém não reconhecida socialmente. Neste período, pude desenvolver um novo olhar sobre o aborto espontâneo, sob o ponto de vista da Vida, que é eterna e multidimensional, e não da morte.
Deste processo de autocura pessoal e sistêmica, nasceu uma escrita que virou livro, publicado em setembro de 2020 de forma independente em Portugal. Percebi que era preciso falar deste assunto, que ainda é tabu, o que penaliza ainda mais a Mulher, que sofre solitária e em silêncio.
A intenção da minha partilha é que, juntas, possamos curar esta ferida do tecido feminino, que é negligenciada há muitas gerações e afeta todas as famílias e toda a sociedade de alguma forma.
Precisamos reconhecer e dar um lugar de respeito a estas Mães de Anjos, às crianças não nascidas para este mundo, para o luto, para a dor e, principalmente, para o Amor que existe além de todas as nossas limitações mentais.
É urgente que os profissionais de saúde estejam preparados para lidar com esta situação tão comum, que acontece todos os dias no mundo inteiro. Toda vida conta, todo filho é precioso para seus pais, toda dor é legítima e merece acolhimento.
Não podemos evitar que a perda gestacional aconteça, pelo menos em grande parte dos casos, pois ela faz parte da experiência humana e a Vida não está sob seu domínio. No entanto, podemos amenizar o sofrimento das Mães, Pais Familiares que vivem esta situação com tratamento digno e empatia nos hospitais.
Louvo a existência de iniciativas como o Projecto Artémis, tão necessário à conscientização da perda gestacional. Bem-hajam!
Daniela Ferreira Vieira Müller, Mãe dos Anjos Maria Clara e João Augusto, a quem dedica o livro “Mãe de Anjo: um novo olhar sobre o aborto espontâneo e a Maternidade”."